O que você sente quando se olha no espelho?

Eu passei a vida brigando com espelho, me detestando nas fotos. Em 2022, perto dos 50, nos calorões pré-menopausicos, na vida pós pandemia, ao cruzar com meu reflexo no espelho do corredor mais uma vez eu me xinguei. Mas dessa vez, por um momento, eu perguntei — em nome de que mesmo eu faço isso? Por que , afinal , eu me maltrato assim desde nova? Como tenho escrita para desaguar, pra pensar, comecei escrever crônicas que você pode encontrar aqui. Estas crônicas se transformaram em uma peça de teatro “do dia que olhei no espelho e não me encontrei“ que com auxílio luxuoso da amiga Georgia Conceição na direção artística e, de uma equipe incrível de manas, tem feito mulheres de todas as idades rir, pensar e, divido isso com muito orgulho,  mudar sua relação com o espelho. Ou melhor refletir sobre o seu reflexo. Depois da estreia muitas mulheres vieram dividir histórias relatos sobre sua dolorosa e às vezes infrutífera “busca pela beleza, magreza e juventude“ e dessa vontade de juntar outras visões com a minha, aplicar a percepção de outros corpos e de outras realidades, dividir outras histórias engraçadas e também dramáticas sobre isso, nós criamos este espaço aqui, que além do questionário que você pode responder aqui embaixo, tem um espaço pra você nos contar o que sente ao se olhar?

Como surgiu a ideia?

Em 2022, correndo entre uma tarefa e outra, no novo normal da vida pós pandêmica,  eu me olhei no espelho e, me xinguei. Encolhi barriga, arrumei a postura, sacudi a cabeleira e nada. Nada funcionava. Eu olhava e não via. Eu olhava e não gostava. De repente eu pensei que de verdade, eu nunca  tinha me aprovado. Nem mesmo quando jovem, atlética,  com o cabelo mais sedoso. Até era pior… E agora ali me xingando de novo me veio esse lampejo. Esta constatação. Em nome de que eu passei a vida brigando com o espelho? Como eu quero parecer?

Comecei a fazer uma enquete, a perguntar a todas as mulheres que tive oportunidade: você está feliz com sua aparência? e em 99% das vezes a resposta foi não. Fiquei obcecada! E quanto mais pensava, conversava e perguntava mais complexo se tornava. As questões estéticas viraram questões éticas.

Como a ideia virou uma peça de teatro?

Mas, mesmo desconstruída, reflexiva e crítica, continuo tendo crises de auto estima. E tô falando de um corpo branco cis de 48, classe média e único filho.  Extremamente desigual o padrão de beleza desconsidera tipos, culturas, crenças, contextos sociais, econômicos, necessidades especiais e parece nos dizer, a todo momento, que nossa aparência nunca é boa o suficiente.  

Desta reflexão nasce o monólogo/solo/peça/stand up “Do dia que Olhei no Espelho e Não me Encontrei” Uma reflexão bem humorada das mudanças pelas quais passa um corpo de mulher e todos critérios impossíveis de se encaixar.

Galeria de fotos da peça

Como uma peça de teatro virou um movimento?

E se a gente começasse a mudar a percepção?! como instrui Naomi Woof no seu livro “mito da beleza- como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres” cujo subtítulo já se auto explica. “Se conseguíssemos perceber os sinais do envelhecimento como belos?”  Não conseguiríamos construir um ambiente de aceitação e  originalidade como meta para o corpo feminino? E por que não começar esta revolução na percepção por nós mesmas, nós mulheres sobre outras mulheres?

2ª TEMPORADA

Dias 21 a 23 de abril e de 28 a 30 de abril
Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h

Teatro Cleon Jacques
Rua Mateus Leme, 4700 – São Lourenço. Curitiba – PR

 

Ingressos gratuitos pelo Sympla.

Manifesto

Pela democracia e pela diversidade dos corpos : Pare de julgar o corpo das outras. Procure não usar da mesma lógica que te oprime.  Amplie sua visão a ponto de ser menos exigente com os outros e consigo. Sabe assim, se a gente combinar certinho a gente se liberta e alivia pra todas . É possível  sim mudar uma lógica de mercado (tamo falando que insatisfação gera um lucro loco de bão!) consigamos subverter com novos paradigmas se, como já se mostram, a lógica do ideal de beleza é prejudicial a todos os corpos e mais ainda e de maneira às vezes irreversível, as jovens. 

Aparessencia

Assumir a voz é assumir o corpo. Com todo o corpo  e emoção que se expressa através dele, nossa voz é aquilo que põem ao outro nossa realidade.  Divida conosco uma experiência de “busca pela beleza”

O que te causou dor ou desconforto? Uma experiência de beleza cujo feitiço virou contra o feiticeiro? O que você vê quando se olha no espelho? Se espremesse , qual seria o teor da sua gota?

Contrate a peça DO DIA QUE OLHEI NO ESPELHO E NÃO ME ENCONTREI para sua empresa ou cidade.

Entre em contato com a Sociedade Poética pelo fone/whats 41 99938-9221

Ficha Técnica

Texto e atuação: Pagu Leal
Direção Artística: Giorgia Conceição
Figurino: Giorgia Conceição
Iluminação: Fábia Regina
Operação de luz: Izabelle Marques
Assessoria de Comunicação: Katia Michelle
Desenvolvedora Web: Andrea Pacheco Lopes
Arte: Luciane Stocco
Fotos da peça e backstage: Monica Lachman
Foto do cartaz: Cleverson Oliveira
Assistente de produção: Bia Sartoretto
Produção: Sociedade Poética

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